sexta-feira, 10 de julho de 2015

Projeto Babcoäll visa potencializar os recursos integrais do coco babaçu

Attalea ssp. mais conhecida como babaçu é uma nobre palmeira que se concentra, principalmente na região conhecida como Mata dos Cocais (transição entre a vegetação da Caatinga, Cerrado e Amazônia). A árvore que é encontrada em abundância no Piauí, é fonte de renda para centenas de famílias que dependem da coleta dos frutos. Foi com a proposta de potencializar o aproveitamento dos recursos do coco babaçu, que o Professor Tiago Ribeiro Patrício iniciou o Projeto Babcoäll. A ideia foi acolhida em abril de 2014 pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica em Agronegócios (INEAGRO), da Universidade Federal do Piauí (UFPI).



Apesar de existir a pouco mais de um ano, as pesquisas com o coco babaçu aconteceram no período de 2008 a 2013, por meio do Projeto Geração de Novas Tecnologias (GERATEC), conduzido por pesquisadores da UFPI, UESPI e IFPI. "O projeto foi inspirado na Cadeia do mel, da região de Picos, e também na cadeia da Castanha do Brasil, nos estados do Amazonas e Pará. Quanto ao nome escolhemos a influência da língua alemã para chamar a atenção da população piauiense. O nosso objetivo é aproveitar ao máximo os recursos do coco babaçu, como também trabalhar a relação entre famílias rurais e indústria", comenta o coordenador, Prof. Tiago Patrício.

O coco babaçu possibilita o aproveitamento da parte superior até o seu conteúdo interno. O epicarpo corresponde à primeira camada, ou seja, a casca, e resulta em 13% do volume do corpo, e pode ser utilizada na produção de uma manta fibrosa. Adentrando um pouco mais, localiza-se o mesocarpo, o mesmo é uma rica fonte de ferro, sendo utilizado na produção da farinha amilácea, isto é, rica em amido e com baixo teor glicêmico e sem glúten. Após o mesocarpo, encontra-se o endocarpo, essa parte corresponde a 60% total do volume do babaçu. O endocarpo é a parte mais rígida e pode ser utilizado na queima industrial. Essa camada resulta em uma biomassa limpa que não oferece risco de poluição ambiental. E por fim, as amêndoas, a parte mais conhecida do coco babaçu pode ser amplamente utilizada na produção de óleos e azeites.


Relação com as famílias rurais
Atualmente o Projeto Babcoäll mantém vínculo com quatro comunidades rurais: uma no município de Miguel Alves, uma em União, e duas em Teresina, sendo na Taboca do Pau Ferrado e a outra na Usina Santana. "Nós buscamos trabalhar não só com as comunidades que existe a figura da quebradeira de coco, como também buscamos trabalhar com associações rurais. No momento as famílias, nos fornecem o babaçu in natura, a amêndoa quebrada, e azeites. Após a implementação completa do projeto, nós pretendemos fazer também um trabalho social e cultural nessas comunidades, ressaltando a importância dos recursos do coco babaçu e de se construir uma estrutura coletiva de famílias que desempenham o mesmo ofício", destacou Tiago Patrício.
Além do babaçu oriundo das comunidades, o projeto utiliza os frutos de babaçuais da própria UFPI. Depois de colhidos eles passam pelo processo de trituração e prensagem no Laboratório de Manejo do Babaçu nas estruturas da INEAGRO, localizado no Centro de Ciências Agrárias. O azeite adquirido nas comunidades rurais recebe os processos de peneiração e controle microbiológico, para o posterior estudo. O procedimento com o azeite é realizado no Núcleo de Estudos, Pesquisas e Processamento de Alimentos (NUEPPA).


Após, a implementação total do Projeto Babcoäll, será executada a nova cadeia produtiva. "A indústria fará a separação do coco, devolvendo as amêndoas para as comunidades rurais. Cada comunidade desta ficará aglutinada na forma de cooperativa, produzindo o azeite tradicional, extra virgem, azeites condimentados, óleos refinados, entre outros produtos. Essas comunidades também farão o empacotamento e distribuição destes artigos. Quanto o papel da fabrica será o de processar o epicarpo, mesocarpo e endocarpo. Os produtos gerados são: cola amilácea para madeira, ração animal, carvão ativado, fertilizante orgânico, álcool metílico e etc", acrescentou.


Projeto objetiva patentes
Segundo o coordenador do Projeto, serão patenteados seis produtos: manta fibrosa, fertilizante orgânico, biomassa fluída, biomassa torrefada e cola amilácea para madeira. Além disso, haverá a conformação de três produtos. "A conformação é diferente da patente. É só pensar no caso da cajuína, qualquer estado que desenvolver terá que seguir uma fórmula. Então, a nossa ideia é que o azeite tradicional, o extra virgem e o mesocarpo passem pela conformação, para que durante sua produção sigam a sua fórmula de modo minucioso", explicou.
Projeto Babcoäll e INEAGRO
O Projeto Babcoäll que nasceu das pesquisas do GERATEC está em prática desde 2014. O órgão conta com cinco estagiários que auxiliam no desenvolvimento das atividades. Ente eles o estudante de Farmácia da UFPI, Thiago Ferreira: "É satisfatório poder trabalhar com um produto que tem a cara do Piauí. Aqui em desenvolvo a parte gráfica, e auxilio no design da marca e na confecção dos rótulos", pontuou.


A INEAGRO da UFPI é a única incubadora de empresas. Ela atua como uma ponte entre as pesquisas desenvolvidas na academia e o mercado, como objetivo de colocar em prática os estudos promovidos dentro da Universidade
A INEAGRO também abriga outros projetos, como o cultivagro, fitofit e oráculo.
http://www.ufpi.br/noticia.php?id=29475

Piauienses desenvolvem pesquisa para ampliar aproveitamento do babaçu

Até o momento, o projeto já desenvolveu mais de 60 produtos a base de babaçu, entre alimentícios, fármacos, decoração e de limpeza.

O babaçu é um dos frutos mais tradicionais, e com maior potencialidade, da região do meio norte Brasileiro. Pensando nisso, um grupo de pesquisadores piauienses, ligado a Universidade Federal do Piauí (Ufpi), desenvolveu o projeto Babcoäll, que visa melhorar o aproveitamento do babaçu, através do desenvolvimento de produtos e a realização de parcerias com as unidades familiares que trabalham na coleta do fruto.




O nome parece alemão, mas o projeto é totalmente piauiense. “A ideia de usar um nome estrangeiro, Babcoäll, veio para causar um maior impacto em quem vai conhecer o projeto. A nossa ideia é desenvolver uma cadeia de valores para o babaçu. Através de produtos, logística de produção e aproveitamento de todas as partes do fruto”, explica o Tiago Patrício, coordenador do
projeto.

Segundo Tiago Patrício, a principal barreira enfrentada para o aproveitamento total do babaçu é a questão cultural. Ele explica que a figura do atravessador, que intermedia o trânsito do produto entre os coletores e as indústrias, acaba atrapalhando a gestão do produto.

“Nesse processo muitas partes importantes do babaçu são perdidas, simplesmente descartadas, o que é no mínimo uma insanidade. Do babaçu podemos aproveitar tudo, essa falta de informação, gera prejuízos incalculáveis”, avalia.

Atualmente, o projeto Babcoäll já desenvolveu mais de 60 produtos a base do babaçu. “Temos produtos alimentícios, de limpeza, fármacos, de decoração, para construção civil, enfim, uma grande quantidade de formas de utilizar a matéria prima”, explica.




O projeto conta com 24 pesquisadores, além de alunos dos cursos da Universidade Federal, e é feito em parceria com a Embrapa, Sebrae e o Incra. Apesar das parcerias, a dificuldade financeira é a principal barreira para expansão do projeto.

“Desde o ano passado estamos sem receber recursos para dar continuidade, e ampliar as atividades do Babcoäll. A nossa iniciativa visa transformar pesquisa cientifica em produtos reais, que possam ser utilizados pela comunidade”, afirma o coordenador do projeto.

Por: Natanael Sousa - Jornal O Dia